terça-feira, 31 de agosto de 2010

Insetos Interiores.

A futilidade encarrega se de “mais tralos'. São inóspitos, nocivos, poluentes. Abusam da própria miséria intelectual, das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia. O veneno se refugia no espelho do armário. Antes do sono, o beijo de boa noite. Antes da insônia, a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa. A família são soníferos, chagas sem curas. Não reproduzem, são inférteis, infiéis, “infértebrados”. Arrancam as cabeças de suas fêmeas, cortam os troncos, urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos. Esquecem-se de si.
Pontuam-se.
A cria que se crie, a dona que se dane. Os insetos interiores proliferam-se assim: na morte e na merda. Seus sintomas? Um calor gélido e ansiado na boca do estômago. Uma sensação de: o que é mesmo que se passa? Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto. É mais fácil aturar a tristeza generalizada que romper com as correntes de preguiça e mal dizer. Silenciam-se no holocausto da subserviência, o organismo não se anima mais. E assim, animais ou menos assim, descompromissados com o próprio rumo, desprovidos de caráter e coragem, desatentos ao próprio tesouro...caem. Desacordam todos os dias, não mensuram suas perdas e imposturas. Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.

O Teatro Mágico - Insetos Interiores

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